terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Estréia - Bravura Indômita

Com Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin, Heilee Steinfeld, Barry Pepper e Dark Matthews.

Fiquei surpreso com a notícia de que o filme já tinha rendido mais de 150 milhões de dólares (para um orçamento de 38 milhões), o que é muito considerando que é um faroeste (um gênero que tem estado fora de moda) e refilmagem do clássico homônimo que em 1969 deu o único Oscar para John Wayne, que viveu o personagem de Rooster Cogburn (que representaria de novo em Justiceiro Implacável ao lado de Katharine Hepburn, em 75 - mas num telefilme de 78, o papel acabou para o mais fraco Warren Oates).

Essa renda é a maior bilheteria de toda a longa carreira dos irmãos Coen, números que nem mesmo o premiado Onde os Fracos não tem Vez (07) conseguiu. Agora é Jeff Bridges, vencedor do Oscar ano passado (mas ele já estava contratado para o filme, o prêmio nada teve a ver, ele já era amigo dos Coen para quem fez o filme cult de drogados, O Grande Lebowsky, no papel hoje mais famoso de sua carreira, o Dude).

Os Coen, como estão no auge da carreira, não precisam dar justificativas para seus projetos, mas parece que aqui eles simplesmente quiseram fazer uma versão mais fiel do livro original de Charles Portis (um escritor que está na moda e sendo reavaliado). Eu acho temerário mexer com um personagem que Wayne já interpretou, um ícone do cinema ainda mais do western (embora as pessoas em geral reconheçam que ele levou o Oscar por sua carreira e não tanto pelo filme).

O ator estava até quase caricato no papel, mas Bridges também faz a mesma coisa. Não acho que tenha chegado sequer perto dele. Escolheu uma voz estranha (pouco se entende), manteve o tapa olho, mas não é tão carismático ou volumoso quanto Wayne. Não é a toa que muita gente não ficou impressionado com ele (originalmente não teve qualquer indicação ao Globo de Ouro). Mas o Oscar resolveu prestigiar os seus e o filme concorre como direção de arte, fotografia, figurino, direção, edição de som e mixagem. Filme, ator, atriz coadjuvante e roteiro. (Não concorre estranhamente à montagem e trilha musical, porque a Academia achou que usava temas antigos com excessiva frequência).

Mas no fundo não houve tantas mudanças assim de uma versão para outra. O filme anterior é solar, feito na paisagem resplandecente de Nevada, aqui tudo é triste e soturno. A heroína, antes era um adolescente, mas agora é bem mais menina e feita pela prepotente e posada Hailee Steinfeld (os críticos americanos a tem louvado, mas não gostei dela, em momento nenhum me pareceu humana, tudo posado). Já começa chegando à cidade para onde foi atrás dos sujeitos que mataram seu pai (no filme anterior mostram o assassinato) e procura contratar um caçador de recompensas que vá atrás do sujeito Tom Chaney ( feito por Josh Brolin, novamente sem deixar marca).

Com relutância, a missão acaba nas mãos de Cogburn e ela é cheia de perigos, reviravoltas e a ajuda também de um Texas Ranger (Matt Damon, do elenco é outra vez de quem eu gosto mais). Não tem interesse romântico, nem foto idílica, nem alívios cômicos como o filme anterior. Mas continuo a achar que não era preciso fazer esta refilmagem (como quase todas) e os Coen estão se perdendo em projetos de vaidade. Enfim, eles têm todo o direito e acho que nem eles imaginavam que este western fosse dar certo. Mas pode bem suceder que no fim das contas, entre O Discurso do Rei e a Rede Social, eles não levem nenhum Oscar para casa.

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