quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brasil - um país sem cinema, educação e cultura

Caríssimos leitores,

Sou historiador de formação e, infelizmente, apaixonado por história. Digo isso porque ser historiador na América Portuguesa do século XXI é viver na penúria. Afinal, nosso país remunera ridiculamente seus professores e a cultura é desprezada e até considerada inútil pela classe dirigente e por boa parte da população.

Nossas escolas possuem uma arquitetura de presídio, quadros negros esburacados, museus caindo aos pedaços, poucas livrarias... 


Um dos reflexos desta cultura formada por um amálgama de etnias diferentes imersas em 3 séculos de ignorância e total isolamente no período colonial e viciada em apoiar-se no trabalho escravo até quase o século XX é a falta de premiações literárias, cinematográficas e culturais.

Você consegue imaginar o que Checoslováquia (66 e 68), Argélia (1970), Costa do Marfim (1977), Hungria (1982), Argentina (1986, 2010), Taiwan (2001), Bósnia (2002), África do Sul (2006) tem em comum? Todos esses países foram agraciados com o mais cobiçado prêmio da academia: o oscar de melhor filme estrangeiro.

Nossa vizinha Argentina, além de 6 indicações, levou duas estatuetas. Apesar da situação econômica por lá não estar das melhores: câmbio desvalorizado, índice elevados de desemprego e complicações no comércio mundial eles não deixaram a cultura perecer. Há nesse país um processo civilizatório em marcha, bem diferente do Brasil, onde a cultura portenha e gaúcha emergem como um elemento unificador. Conversei com diversos vendedores de rua na feira popular de San Telmo e, mesmo com vários cacarecos à vista, eles sabiam diferenciar e descrever marfins do século XIX, prataria de valor histórico e, principalmente, livros.

O vendedor poderia até ter poucos pesos no bolso mas o conhecimento aflorava-lhe pelos poros.

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