
O Encouraçado Potemkin é o tipo de filme clássico que transformou perspectivas no mundo audio-visual. A sequência da escadaria de Odessa foi uma das cenas mais angustiantes do cinema. A população, sensibilizada com os revoltosos do encouraçado levam comida, água, remédios e todos os tipos de suprimento ao navio. No entanto, toda a euforia é contida pelas tropas do Czar que disparam suas armas contra a população avançando em um ritmo mecânico e inexorável, alheios a toda destruição e desespero.
Uma das cenas mais marcantes ocorre quando uma mãe tenta fugir desesperadamente com seu bebê. Ela é atingida e o carrinho desce
degrau por degrau delineando um caminho entre os corpos. Nesta sequência a montagem deixa evidente a impotência popular diante do irracional poder tirânico. É possível interpretar aquela criança como o futuro, o porvir utópico que está
ameaçado pela brutalidade da decadente aristocracia russa. Apesar da edição não nos
permitir saber ao certo o que aconteceu com a criança, a película deixa algo em aberto, como se pudesse ser futuramente reparado, uma incitação a todos os espectadores.Aliás, muitos críticos dizem que a famosa cena do carrinho de bebê de "Os Intocáveis" foi retirada daqui. Sinceramente, eu também acho.
Ao analisarmos o filme dentro de seu contexto histórico o "Encouraçado Potemkin" foi extremamente revolucionário. Qualquer pessoa, mesmo sem qualquer inclinação política, pode sensibilizar-se com a penúria dos marinheiros ou com o massacre da população em Odessa. Isso faz desse filme uma linguagem revolucionária universal. Talvez por este motivo, após o golpe militar de 64, o filme foi censurado e banido das salas de exibição no Brasil. Aliás, em nosso país, este filme poderia fazer aflorar fantasmas ainda recentes: A revolta da Armada em 1893 e a Revolta da Chibata de 1910.
Foi o primeiro clássico que vi. Mas faz tanto tempo, que não lembro do que se trata o filme.
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