quarta-feira, 11 de março de 2009

The Wrestler - Imperdível

Nossa... acabei de ver o filme "O Lutador". Logo após as letras subirem e eu me tocar de que era o final, os olhos arderam, as narinas dilataram e as lágrimas desceram.

O filme é cru. Parece real. Muito melhor que essa pretensão de realidade que é big brother, pura afetação. Ali sim, você tem arte e vida em uma harmonia única. A todo instante você parece que é alguém seguindo o protagonista a poucos metros.

Baseado em uma história real a narrativa se funde com a própria biografia de Mickey Rourke. Em nenhum momento há apelação pelo drama caricato.

O cartaz de divulgação do filme tráz a seguinte frase: "witness the resurrection of Mickey Rourke" ("testemunhe a ressurreição de Mickey Rourke"). E é a mais pura verdade. Confesso que só me relembrei desse ator depois de ler as reportagens sobre ele após a indicação ao Oscar.
Para quem não se lembra foi ele o homem que protagonizou cenas quentes ao lado de Kim Bassinger no filme: Nove e meia semanas de amor (década de 80). Depois disso o ator passou anos longe das câmeras. Apaixonado pela luta, Mickey Rourke abandonou a carreira de ator para tentar ingressar no boxe.

Parece difícil de acreditar, mas a instabilidade do personagem Randy aplica-se também ao ator que lhe deu vida. Devido a sua instabilidade emocional Rourke perdeu inúmeros papéis de destaque na história do cinema, incluindo o de Eliot Ness, em "Os intocáveis", o de Axel Foley, em "Um tira da pesada", e o de Butch, em "Pulp fiction".
A narrativa é tão real que chega a sufocar. Você fica dividido a todo instante entre a pena e a admiração por Randy "The Ram".
Ele faz coisas tão absurdas e ao mesmo tempo naturais. Há um limite, uma oscilação constante, entre deixar a vida consumi-lo, deixando-se levar por um cotidiano amarelo, morto; ou voltar a ser o herói da geração da década de 80.

Aliás, para todos os nascidos nas décadas de 70 e 80 esse filme tem um sabor especial. Quase toda a trilha sonora é baseada nas bandas dos anos 80: Guns n´ Roses, Kiss, AC/DC. Em uma de suas entradas triunfais no palco toca: "Sweet Child O Mine".

Sem contar a frase: "90 sucks", ao concluir uma conversa sobre o suicidio de Kurt Cobain.

Aliás, um dos detalhes que mais me cativaram foi durante a cena em que o ex-ídolo da luta livre convida um garoto da vizinhança para disputar uma partida de videogame em seu trailer. O Jogo é com base no Nintendo 8-bits e é estrelado por ninguém mais que ele mesmo: Randy The Ram!

Farei aqui a citação do portal G1: "Criado especialmente para o filme, o jogo batizado de "Wrestle jam!" serve de metáfora para o deslocamento de Randy no mundo real. "Não acho que Darren poderia ter usado um Xbox ou qualquer outro videogame semelhante naquela cena. Parte do personagem de Randy é o fato de ele estar preso àquele período. Foi o ponto alto da sua carreira e de sua vida, e reconhecer que o mundo pode seguir em frente tão fácil e rapidamente seria como aceitar que o mundo poderia seguir em frente sem ele também", afirma ao G1 a designer norte-americana Kristyn Hume, co-autora do game encomendado pela equipe do longa-metragem com o irmão e programador Randall Furino."
Levaram 3 meses para a finalização do game.



Como se não bastassem as conexões desse filme com a realidade ainda vão além: o teimoso ator ainda insiste em dar mais uma chance à luta. Dia 9 de abril próximo, Mickey Rourke tornará a vestir as calças justas e fosforecentes de Randy na vida real e entrará em um ringue de verdade para disputar uma luta-livre pela federação mundial.

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